O SOS Corpo - Instituto Feminista para a Democracia (Recife/PE) faz 25 anos e, para comemorar, inicia uma série de atividades e debates. Um grande encontro marcou a abertura, em 30 de março, com a Conferência O não ser como fundamento do ser: a perversidade do contrato racial no Brasil, de Suely Carneiro, filósofa e diretora da ONG Geledés - Instituto da Mulher Negra (SP), juntamente com uma homenagem a 25 mulheres negras.
"Com isso, queremos reafirmar publicamente nosso compromisso com um feminismo anti-racista e popular, voltado para a transformação social", salienta a coordenadora geral do SOS Corpo, Maria Betânia Ávila. "Esses 25 anos foram tão intensos e a cada contexto desse percurso, nós tivemos a certeza de que as organizações feministas têm uma tarefa social e histórica muito importante a realizar."
Conforme Betânia, a ação política, educação popular feminista e produção do conhecimento estruturam o trabalho da equipe do SOS Corpo, voltado para a defesa dos direitos, políticos, econômicos, sociais, culturais e civis das mulheres e para a transformação social.
A longa e ativa trajetória já percorrida pelo SOS Corpo traz muitos dos momentos dos movimentos feminista e de mulheres brasileiros. Betânia destaca que o próprio momento da fundação do SOS - com a chegada dos anos 1980 e a luta por democratização, com os primeiros processos de trabalho educativo com as mulheres nos bairros populares - marcou o desafio de organizar um espaço de trabalho feminista.
Nos anos 1980, o SOS Corpo participou, entre outras, da criação do Fórum de Mulheres de Pernambuco, que cresceu e se fortaleceu. "Entre outros momentos importantes, estão o da formulação e luta por uma política pública de saúde para as mulheres - o Paism -, o da criação do primeiro Conselho Nacional dos Direitos das Mulheres e o da participação na Assembléia Nacional Constituinte na defesa dos direitos das mulheres como trabalhadoras, cidadãs e como parte do movimento que defendia um projeto de justiça social".
Betânia ressalta outros marcos da trajetória da ONG, que hoje faz parte de articulações nacionais e internacionais: a participação na criação da Rede Feminista de Saúde, no início dos anos 1990, e a participação junto com a Secretaria Nacional de Mulheres Trabalhadoras da CUT, pesquisadoras de universidades e outras organizações feministas na criação do Núcleo de Reflexão Feminista sobre o Mundo do Trabalho Produtivo e Reprodutivo. "E a participação no Fórum Social Mundial traz um sentido importantíssimo para essa trajetória".
O SOS Corpo participa também como Secretaria Colegiada da Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB) e como parte da diretoria executiva da Abong. "O SOS fez parte das ONGs fundadoras da Abong e do seu primeiro Conselho Diretor."
As questões ligadas à saúde, aos direitos reprodutivos e direitos sexuais, ao trabalho, contudo, permanecem e se reformulam, avalia Betânia. "A agroecologia é um desafio novo ligado ao trabalho das mulheres e à defesa de condições de vida sustentáveis; e o enfrentamento das políticas neoliberais exige novas estratégias no campo das políticas públicas para trabalho e renda", diz. "A legalização do aborto é uma tarefa política e com a qual temos um compromisso fundamental."
Já o Observatório da Violência contra as Mulheres é a mais recente instância criada pelo SOS Corpo. "A questão da violência, nos últimos anos, ganhou muita força como campo de ação", afirma. O Observatório é uma ação que, desde o início, foi pensada como uma forma de sustentar a luta contra a violência, disponibilizando os dados e análises que revelam a profundidade do problema, sustentam os movimentos de denúncia e também os de proposição de políticas públicas. O Observatório é também um espaço de diálogo entre os sujeitos comprometidos com essa questão. "Tudo está diretamente ou dialeticamente relacionado ao nosso compromisso de fortalecimento do movimento de mulheres."
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